terça-feira, 10 de maio de 2011

Organizando as caixinhas

Foi numa conversa com Laura Franco no café do Palacete, pertinho de Rodin, que pensei no local. Laurinha foi a protagonista da primeira peça que eu escrevi e dirigi, a minha Miudinha. Ótima pessoa, ótima atriz, ótima produtora-pensante das artes. Falamos sobre o solo dela, "Rugas", trabalho sobre memória, sobre mulher, sobre velhice, delicado, cheio de miudezas da pesquisa que ela enveredou fazendo de tudo que foi jeito, pelo silêncio, pela ausência de movimento, através da estadia e das conversas em Milagres, puxando da memória a memória de todas as vozes que ouviu e guardou em algum canto inesperado da mente. O que foi virando cena me pegou no canto em que me afino no sentimento de ser neta e de amar ter uma avó. Conversamos muito e fui mancomunando coisas sobre o tempo dos velhos, um tempo muito diferente do meu, um tempo diferente para investigar, alguma desaceleração. Conversava e olhava para o banco. Fim de semana estive em Oliveira, a terra dos meus maiores devaneios (tudo bem, Bachelard?) de infância. Minha avó me emprestou dois vestidos, um deles ela quer que eu use na vida. Não sei se chego a tanto, mas trouxe comigo por que pela via do afeto (tudo bem, Laurinha?) ele pode ficar e virar o que quer que isso tudo vire. Uma parte de muitas coisas. Fechei o video, a foto, o som. Adoro ter amigos-parceiros-amigos. Vou retomar a leitura do caderninho e volto com mais nortes. Não consegui registrar a conversa, porque meu mp4 descarregou no buraco que é a minha bolsa. Oremos às vacas!

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