quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Reverberações do FIAC II
Paula Lice, do Dimenti, apresenta uma performance que parece baseada num fluxo de pensamento (método usado pos alguns artistas surrealistas), onde as palavras e imagens que vão surgindo na mente do performer, sem interferência de um texto preestabelecido, apenas um roteiro de ações e/ou movimentos.
Sempre usando referências pop - nesta apresentação, Paula estava especialmente "focada" nos anos 80 -, vamos acompanhando o ritmo estonteante do pensamento de uma atriz.
Destaque visual para o figurino elaboradíssimo e à maquiagem que emprestam um requinte à cena.
Perto do final da apresentação, Paula percorre as pastas virtuais de seu notebook (o que testemunhamos através de um projetor) e escreve uma espécie de carta, em escrita automática, para o público, enquanto toca uma canção de Fátima Guedes.
Numa das pastas, uma sugestão de título para a performance, que talvez traduza melhor a atmosfera geral da apresentação: Trevas diversas.
Fica a sugestão.
Celso Jr.
In: http://cadernosgrampeados.zip.net/
Reverberações do FIAC I
sábado, 29 de outubro de 2011
Para crescer e ficar forte
- O som não pegou, fiz de som de notebook. Semi-trevas! Mas rolou.
- Sinto que palavras como "lembrei", "memória", "lembrança", não devem fazer parte do que falo.
- Continuo achando que falar menos é melhor.
- Definitivamente, o comentário só é bem-vindo em pouquíssimos momentos. A frase curta, a frase-armadilha, causa mais impacto quando vem sem explicação. E a explicação da explicação redunda.
- Relação com a platéia: um troço a se pensar. Não tenho gostado mais da fala direta. Pelo menos até agora.
- Preciso de mais repertório musical específico.
- O estado de concentração no jogo esteve melhor do que na apresentação em Curitiba, mas menos dinâmico do que na apresentação no Recife.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
registros e congêneres
Paula pulará amanhã em Curitiba.
É Pogobol se cosmopolitizando assim. Tirá o pé do chão BRASEL!
Lourenço foi lá?
(...)
No ensaio, semana passada, apareceram um cachorro e uma plantação de maçãs.
Paula parecia cega até uma hora e eu vi Michel.
Eu gosto quando tem o fluxo verbal. Você falou até gastar.
Se pudermos flagarmos um hiato, talvez, a hora “Alice” é um hiato (hiatão) lírico.
Os acidentes devem se assumir como acidentes? Blá!
Again: a potência do caos.
Pogobol é o ordinário descontínuo.
Conclui-se, portanto: Intimidade é diferente de Cumplicidade.
Pogobol nos intriga. PocaBlá!
Não esquece a drag fechação cada vez mais e equilibrar (?) massa com figurino!
Estou exclamativo. É vontade de pular nos ais com a Sra. e Gu.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Um corpo que escreve de azul num céu azul
Bom, em cena ela diz que gosta de começar assim. Mas o começo do espetáculo que vi podia ser uma aparição de um super-herói, um bicho estranho, um dragão, uma drag-queen com trejeitos de criança... tudo menos um início singelo.
No espetáculo Pogobol a impressão que me ficou do espaço cênico foi de uma grande lousa em que as ações da performer eram riscos de giz esboçando desenhos que tinham um pacto único: o momento.
Início: a atriz/performer Paula Lice se posiciona ao fundo do palco, sua presença se agiganta, olhar determinado no horizonte, dá uma saculejada, uns pulinhos e o desenho heróico anunciador do início se desfaz. Mais uma ação se seguirá criando a iminência de grandes gestos ou acontecimentos “importantes” e, como num continuum, irá se desfazer para dar lugar a uma outra. A performance, nesse sentido, é um convite para nos conduzir por saltos ou imagens que se desmancham como numa lousa.
Um desafio que parece despretensioso, pequeno, mas guarda uma pretensão poética sutil que tangencia a borda do risco de tornar tudo uma grande bobagem. Lembro da frase do músico experimental suíço-baiano Walter Smetak, “escrevo com lápis azul num céu azul”. A aposta no efêmero e transitório, nas idéias minúsculas, muitas vezes camufladas de momentos maiúsculos no trabalho, é um gesto corajoso e pretensioso que não pode estar inocente em relação às suas pretensões.
Os riscos de uma dramaturgia sustentada por um fio de cabelo, escolhida pela parceria artística Paula Lice e Gustavo Bitencourt, que dividem a direção do espetáculo, são muitos: acreditar que é um Midas: em tudo que toco vira ouro, por tanto tudo que faço é maravilhoso; acreditar em Roberto Carlos: pensar a platéia como um milhão de amigos, olhando tudo com afeto e generosidade; acreditar em Duendes: apostar tudo na magia e no mistério da sua própria imaginação; e por aí vai. Como o espetáculo joga improvisando, estamos sempre na beira desses precipícios.
Todos esses riscos passam pela postura da não aceitação da ingenuidade em cena, pois até o comentário crítico – dentro desse contexto de coisas mínimas – numa vacilação do tom de como for dito pode soar como comentário “inteligente” ou “desmascarador de verdades”. Isso atravessa alguns momentos, mas não é o que predomina no trabalho. Paula Lice é uma grande performer em cena, sustenta um jogo atento e irônico com a platéia fazendo com que acompanhemos a sua dispersão criativa com grande interesse.
Entre tantos alertas para Duendes, Midas, Roberto Carlos... (podia ser menos alertas, nera?) Espero poder acompanhar e rever mais vezes os prazerosos saltos de giz de Pogobol. Dentro do espírito das meninas do âncora do marujo, quero parabenizar mais uma vez a coragem e ousadia dessa equipe que enfrenta esses riscos toda trabalhada no salto, cabelo, cílio e figurino, tudo feito com um engajamento sério e competente. Convidar Gina de Mascar pro Pogobol como mais uma colaboradora ia ser muito bom, nera?
(Uma fruição crítica e pessoal de Léo França sobre POGOBOL)
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Estréia POGOBOL
Ficou assim o release do folder ó
domingo, 10 de julho de 2011
Satisfa Retrô
Roteiro Prévio
Da semana
Comprar passagem Gustavo, inscrever no Cena Breve, editar release e definir título, ensaiar 4 x, focar no notebook, pegar fotos com Ellen, checar dimdim.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Satisfa interna
quinta-feira, 30 de junho de 2011
psicografia*
descrição psicológica de uma pessoa
ato ou efeito de escrever algo ditado ou sugerido por um
espírito desencarnado
estudo do estilo de vida , atividades, interesses dos consumidores
* cf. Houaiss / para Alan
zebra
listras brancas se atravessando feito ondas
e lá no canto tem uma boladefogo tomando o espaço todo
terça-feira, 28 de junho de 2011
Hoje no palquinho
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Bachelard again
Autocoisas
Libera o zé
sábado, 25 de junho de 2011
A teus pés
Estudando e pensando nas leituras que faço para traduzir as imagens da cena
“Ler será, portanto, fazer emergir a biblioteca vivida, quer dizer, a memória de leituras anteriores e de dados culturais. É raro que leiamos o desconhecido”. (p. 113)
“De fato, a leitura é um jogo de espelhos, avanço especular. Reencontramos ao ler. Todo o saber anterior – saber fixado, institucionalizado, saber móvel, vestígios e migalhas – trabalha o texto oferecido ao deciframento. Não há jamais compreensão autônoma, sentido contruído, imposto pelo livro em leitura. A biblioteca cultural serve tanto para escrever quanto para ler. Chega mesmo a ser, creio eu, a condição de possibilidade da constituição do sentido.” (p. 115)
Trechos de Jean Marie Goulemot - Da leitura como produção de sentidos
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Tô verde, me balança, Gus!
domingo, 22 de maio de 2011
Gravando
domingo, 15 de maio de 2011
Liz Aggiss
terça-feira, 10 de maio de 2011
Organizando as caixinhas
Segunda Imagem Poética
sexta-feira, 6 de maio de 2011
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Tarefinha da Semana
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Nota de rotina
terça-feira, 3 de maio de 2011
In my language
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Um dos nossos primeiros pontos de reflexão
Extensão de uma conversa que tivemos
Do montinho desparatado
Do meio de um outro estudo
E foi assim que escolhi a fenomenologia na esperança de reexaminar com um olhar novo as imagens fielmente amadas, tão solidamente fixadas na minha memória que já não sei se estou a recordar ou a imaginar quando as reencontro em meus devaneios.
Bachelard, Gaston. A poética do devaneio.
Primeira Imagem Poética
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Nova proposta de tarefa
Fiz uma separação meio capenga de tipos de questões, que é mais metodológica que real.
DO ASSUNTO:
- De que se fala com mais frequência? (É cotidiano? Observação? Descrição? Divagação? São coisas próximas ou distantes?)
- De quem se fala com mais frequência? (De você? Dos outros? De gente que você conhece? Gente famosa? Gente presente? Gente que você não vê faz tempo?)
- Pra quem se fala? (Dá pra identificar a quem se direciona essa escrita? É mais em primeira, segunda ou terceira pessoa? Os interlocutores variam?)
- Existem pontos que você identificaria como ficcionais? E reais?(E, nesse caso, o critério usado pra chamar de ficção e realidade também seria legal anotar)
DA ESTRUTURA:
- Que tipos de organizações de pensamento aparecem? (Tem títulos? Tópicos? Flechinhas? Desenhos? As ideias se completam? Ficam abertas? Somem e reaparecem? Tem parágrafos? Tem linhas soltas? As frases são mais curtas ou mais longas?)
- Como você lida com os erros? (Risca por cima? Continua como se nada tivesse acontecido? Descreve o erro?)
- Como são as pontuações e sinais gráficos? (Tem muitos parênteses? Vírgulas? A pontuação é certinha? Só quando pinta?)
- Tem interrupções ou pausas? Como elas são sinalizadas?
- Existe algum padrão pra começar e terminar?
DO DESENHO:
- Como é a letra? (Fluida? Feia? Caprichada? Corrida? De forma? Borrada?)
- Como o texto se distribui na página (Uniformemente? Disperso? Grudadinho? Segue margens e linhas?)
DAS VARIAÇÕES:
- Seria legal se você pudesse anotar também se há variações em todos esses aspectos ao longo do tempo, em duas categorias: as que aconteceram ao longo da semana, e as que aconteceram ao longo dos 15 minutos de cada dia.
DAS EVOCAÇÕES:
- Também acho legal anotar os momentos na releitura, que evocaram, ou que mais evocaram, sensações, sentimentos, afetos, texturas, cores etc. do momento da escrita e se existe algum padrão pra que isso aconteça.
Aí, se você topar, a gente pode marcar de conversar depois disso, porque acho que algumas coisas vão estar mais claras. Vc dá o sinal.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Entrando
Pirilampos, aqui vaga-lumes
Alice de Tim
domingo, 24 de abril de 2011
Alice in Wonderland and The Philosophy of Memory
Achei esse livro na internet, e me interessei por esse capítulo em particular. Ele colocou só um pedacinho no site, mas já mandei um e-mail bem cara de pau, perguntando se ele não pode mandar o capítulo na íntegra pra gente.
sábado, 23 de abril de 2011
Exercício de memória número um
Para Maria da Graça
Agora, que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.
A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala a verdade Dinah, já comeste um morcego?"
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?" Essa indagação perplexa é lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!" O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada ou vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon" Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gato se fosses eu?"
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! mas quem ganhou?" É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre onde quiseres, ganhaste.
Disse o ratinho: "A minha história é longa e triste!" Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance só é o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energeticamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!" Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo" Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta a parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom-humor`.
Toda a pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas".
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.
Paulo Mendes Campos